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Notícias e Blog

Funções Miofuncionais

Funções Miofuncionais

Funções Miofuncionais Orais

Uma das áreas da Fonoaudiologia que tem grande representatividade na atuação profissional por suas inúmeras contribuições na qualidade de vida das pessoas é a Motricidade Oral. 
Entenda-se a Motricidade Oral como as praxias e as funções que se realizam, mais especificamente, nas estruturas que compõem cabeça e pescoço. Essas funções são consideradas vitais para a sobrevivência humana desde o primeiro  contato  extra-útero. São estas as funções de Respirar, Sugar, Deglutir, Mastigar e Falar. E sobre essas funções atua o fonoaudiólogo com seu olhar clínico e acurado. Busca a compreensão dos reflexos orais, da qualidade das funções e sua hierarquia para estabelecer parâmetros de normalidade ou disfunção e, assim, intervir o mais precocemente possível, para que o desenvolvimento siga seu percurso sobrepondo-se a qualquer injúria que todo o sistema estomatognático possa ter sofrido.
Em todas as fases, desde o recém-nascido até o idoso, o Equilíbrio Funcional é uma meta nas intervenções miofuncionais. Mesmo diante de quadros orgânicos, impactantes para a estrutura sobre a qual a função se organiza, permitir o equilíbrio possível, mesmo na ausência do ideal,  pode favorecer ajustes delimitadores para a superação das gravidades relacionadas àquela função. As funções orais podem ser assim correlacionadas às disfunções: Respiração, função básica e essencial, primeiro e último elo entre o ser humano e o meio. O fonoaudiólogo vai atuar sobre o modo e o tipo respiratório. Quanto ao modo: checar se o sujeito respira pelo nariz (respiração nasal), pela boca (respiração oral) ou por ambos de forma simultânea e sistemática. E quanto ao Tipo, o fono observará se o indivíduo respira com ênfase na região abdominal (inferior), torácica (superior) ou costodiafragmática.
 
A sucção é uma função inata, treinada desde a 12ª semana de vida intra-útero. Ao nascimento, será elucidada em forma de reflexo oral, sendo imprescindível para a alimentação e sobrevivência do RN. Em algumas semanas a sucção evolui de reflexo para função e deve ser amplamente treinada, sendo um dos fundamentos que antecedem a mastigação.  Ao mesmo tempo que o bebê inicia a sucção, ele também engole. Ambos surgirão na vida intra-uterina na mesma época e estarão presentes ao nascimento, inicialmente como respostas reflexas. Em semanas, o bebê será capaz de sugar e interromper o processo, de engolir e de, voluntariamente, parar ou rejeitar o que está sua boca. 
 
A mastigação é uma função adquirida, aprendida com o treino, com a repetição. Graças, especialmente, à introdução de alimentos e até mesmo de objetos de diversas texturas e consistências na boca (considerada o portal do bebê para o mundo), o bebê passa pelas fases da sucção, da mascagem e da mastigação propriamente dita. Todos os movimentos linguais, labiais e mandibulares que o bebê realiza, proporcionarão a ele sair de movimentos rudimentares para movimentos mais amplos, refinados e dissociados. Estudiosos consideram o treino mastigatório um preparatório para os movimentos refinados da articulação da fala. 
 
Após cerca de 1 ano treinando os músculos faciais, os elevadores de mandíbula, os intrínsecos e os extrínsecos da língua e da laringe, após exaustivas repetições de padrões e, obviamente, de complexas sinapses e  inputs, eis que engramas se formam, culminando em uma integração sensorial e neurológica tamanhas que o bebê não só recebe informações, mas as compreende e age sobre elas e passa a usar o idioma como uma ferramenta da qual ele vai se apoderando. A criança, então, fala sua 1ª palavra e segue sua aquisição.
 
A Motricidade Oral não é tão simples assim... E não explica tudo o que o ser humano pode aprender em tão pouco tempo. Mas esta visão genérica permite iniciar a compreensão das habilidades miofuncionais orais que a criança irá adquirir, estando seu refinamento muito associado à estimulação que recebe, seja ela espontânea e treinada no decorrer do desenvolvimento natural, seja através de planos terapêuticos de estimulação dirigida. Para cada faixa etária, a Motricidade Oral ofertará sua contribuição. Uma das indicações frequentes para o fonoaudiólogo que atua nessa área é a ortodôntica. Mais uma vez aqui se ressalta a importância do Equilíbrio entre Forma e Função. Identificar como a língua se comporta dentro da cavidade oral, suas implicações sobre as arcadas dentárias, sua relação com os músculos adjacentes, a presença de atipias e de contrações compensatórias, entender sua posição em relação à postura labial, ao modo respiratório e aos hábitos deletérios identificados no indivíduo.
 
O olhar fonoaudiológico é constantemente instigado a extrapolar as obviedades e mergulhar na essência dos padrões que pode explicar o comportamento muscular da função que possa estar alterada. E para além do diagnóstico, o fonoaudiólogo deve ser o mediador para o entendimento, execução e internalização dos novos engramas. Tudo isso se faz pela via terapêutica, usando-se de ferramentas que sirvam como gatilhos para os padrões de maior equilíbrio para cada caso. 
 
Kelem Darc Santana
Fonoaudióloga 
CRF 5-0454
Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação 
Mestrado em Ciências da Educação Superior

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